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As organizações lá estiveram, como também lá esteve a afición. (E eu lá andei pelo meio, a tirar fotografias. Se alguma ficar mais ou menos, logo vo-la mostrarei.) Descobri algumas coisas interessantes enquanto me passeava entre as duas multidões. Uma (que salta à vista) é que esta gente toda nunca se vai entender. Hão-de fazer-se mil manifestações e nenhuma das partes vai compreender o que a outra está ali a fazer ou como foi ali parar. Esta clivagem é tão crítica como se torna difícil convencer alguém a pensar realmente no que está a fazer e para o que está a contribuir ao chamar-lhe merda humana (por muito adequada que seja a alegação). Outra coisa engraçada é o preço dos bilhetes. O mais barato custava 22,50€. O mais caro 75,00€. Os lugares mais caros eram os mais próximos da barreira, onde se tem uma pobre perspectiva da lide e da arena mas onde a visão e o cheiro do sangue são mais intensos. Lugares ricos em ferro. Sou Ribatejano e como tal, fui ensinado a gostar de touradas e gosto de facto de ver touradas. Felizmente, também tive sorte de ser ensinado a pensar. Não posso deixar de gostar de touradas, mas é-me inevitável acreditar que elas devem acabar. Labels: aficcíon, assassinos a soldo, Associação Animal, Babel, barbárie, Campo Pequena, cultura, educação, há dinheiro para tudo, karma, Ribatejo, tourada, tradição
[ Brisa]: O teu último parágrafo é a ideia mais inteligente que já ouvi relativamente à discussão sobre as touradas!
[ Zorn John]: Havia noites que nem dormia, de tal maneira estava atrofiada a minha cabeça com tamanha dicotomia. Eis que surge um comentário são que nem um pero, starking, bravo de esmolfe, reineta, se não concordasse contigo era uma enorme peta.
Não consigo também eu deixar de gostar de ver touradas. da mesma maneira que cada vez mais gosto de fotografar toiros ao vivo e a cores, ao ar livre, no campo. É bonito vê-los crescer, mas por volta dos 3 anos agrupam-nos em curros, 8 a 10, e já se sabe pró que vão... Curiosamente, a curta distância, 20 metros ou pouco mais, não são animais assustadores. Têm medo, fogem, mijam-se pelas pernas abaixo. Devem pensar que sou paparaze, n sei :P. Seja como for, sem touradas depressa se acabavam. A tourada é uma actividade económica, um espectáculo, um meio de, directa e indirectamente sustentar muita gente, uma expressão da natureza humana, uma fonte de inspiração... São também a razão de existir da raça brava. Mas este argumento é facilmente contraposto: quase todas as raças bovinas são apuramento genético, algumas delas existem porque, tão somente, as comemos. Os cruzamentos de cães ou de gatos, servem, muitos deles, pra nos satisfazer o ego, porque são mais isto ou aquilo - o principio é o mesmo. Matar: fazemo-lo todos os dias.
[ Patrícia]: :'( (esta lágrima é virtual, mas as que chorei ao ver um pedacito de tourada pela primeira - última? - vez ma televisão não foram.)
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Não percebo a vontade de ver um animal ser ferido e tentar defender-se de quem o magoa. As únicas notícias sobre touradas que me fizeram sorrir foram as que chocaram a maioria das pessoas: aquelas em que o toureiro foi o magoado. Por muito que me esforce por ser uma pessoa melhor e mais justa, não posso deixar de pensar "bem feita!". Eu deixei de comer animais porque já não podia viver com o peso na consciência. Não me acredito que eles existem para encher o meu prato, e o meu organismo já provou que não precisa deles. Mortos, that is. Gosto de os ver vivinhos e de boa saúde. :) << [Principal] |