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À cotovelada



O administrador financeiro da Brisa afirmou hoje que a concessionária de auto-estradas não tem uma posição dominante no mercado e que a decisão da Autoridade da Concorrência em relação à Auto-Estadas do Atlântico resultou de um erro de apreciação. (Diário Digital)

O que é que a Autoridade da Concorrência tem a ver com as concessionárias de auto-estradas? Por acaso elas concorrem umas com as outras? Está-me a escapar alguma coisa ou há outra auto-estrada entre Lisboa e Porto que não a A1? Alguém já assistiu a algum diálogo destes?:

-Então, vais de férias?
-É, vou amanhã para o Algarve.
-Ah, boa! E que caminho é que vais fazer?
-Olha, estava a pensar em apanhar a A2.
-Hmmm... E nunca pensaste em ir pela A8?
-A8? A auto-estrada Lisboa-Leiria?
-Sim... É um caminho maior, mas apanhas menos trânsito. E os tipos das Auto-estradas do Atlântico andam a fazer dumping de preços, acaba por sair muito em conta.

Quem quer ir de auto-estrada para algum lado, sujeita-se à auto-estrada que houver para lá. Há alguma auto-estrada alternativa? Não. Então por alma de quem é que se acha que há a concorrência no meio disto? O que é que interessa que sejam cinquenta concessionárias ou apenas uma?

Todo este cuidado é especialmente patético quando é notório que basta um bocado de alcatrão manhoso e plantar umas casotas para os portageiros para fazer uma auto-estrada. Há auto-estradas que têm rachas no asfalto, em que a água da chuva se acumula em poças. Iluminação, como é óbvio, sai caro: uns reflectores de bicicleta pregados à estrada são suficientes. E em todas elas se paga a totalidade da portagem enquanto decorrem obras, mesmo quando as condições de segurança a que a concessionária é obrigada a garantir por lei são manifestamente desprezadas.

É reconfortante ver todo este zelo para acautelar a concorrência feroz e desleal que se regista entre as concessionárias de auto-estradas. Pode-se acabar a viagem com um pino de sinalização no radiador, mas pelo menos não há concorrência desleal.

[Blogger Zorn John]: Olha, sabes o que te digo? Que a cevada não é trigo! Portugal podia muito bem ser um daqueles países que apareciam no The A-Team, com ditador e tudo, vulgo república das bananas. Acho que o Saramago, quando escreveu a Jangada de Pedra estava, "sem querer", a dar a entender que somos tão corruptos e merdosos que ficamos mal na Europa, fora daqui já. A BUFA é uma brisa que desliza pela fralda da camisa, lailailai...;)
 
[Anonymous Anonymous]: Carrissimos,

este tema é bem mais complexo do que a abordagem que aqui é feita. De facto é integralmente verdade que as diferentes Concessionárias de Auto-Estradas não concorrem entre elas, e consequentemente a Alta Autoridade da Concorrência, é de facto descabída. Ainda mais quando é sabido que a actualização das taxas de portagem encontra-se legislada, sendo que o seu aumento corresponde a um valor calculado com base no IPC (indíce de preços do consumidor), podendo oscilar entre os valores mínimos e máximos estabelecidos por lei. Ora como toda a gente sabe, os valores são sempre dentro do máximo, só que face ao seu arredondamento, determinados sublanços, não sofrem incremento de preço. Chegada a hora de cálcular o aumento de preços, convenientemente anunciam que em média o aumento das suas raxas foi inferior à inflacção (claro! Uns sublanços aumentaram bem mais, enquanto que outros devido aos arredondamentos ficaram inalterados).
Outra situação é a questão de preços em situações de obras....Não existe qualquer obrigatoriedade prevista na lei, para que as Concessionárias tarifem a prestação de serviços em valores inferiores. Como é lógico, se não são obrigadas, então os preços são iguais para todos.

Agora pergunto eu...é condenável estas atitude de empresas monopolistas ou oligopolistas? Desenganem-se....é claro que não! Se elas podem fazer, porque é que não o farão? Os clientes estão conquistados, não existem alternativas, portanto eles podem e vão o fazer sempre.

A culpa é portanto do legislador do nosso país (Assembleia da República), que, infelizmente, não defende convenientemente os interesses da população, deixando-se ceder aos lobbies, concessionando indescriminadamente, sem controlo, sem exigências de serviços, e incondicionalmente lanços em regime de portagem
 
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