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O espaço está cheio de ar
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Há uma criatura no meu local de trabalho que está encarregue, segundo ela, de «optimizar o espaço» onde eu e os meus colegas trabalhamos. Move-se pelo piso com a toada confiante de quem julga que sabe o que está a fazer e confere frequentemente uma planta do nosso piso. Nessa planta, a zona onde estou a trabalhar, actualmente ocupada por secretárias de modesto calibre, é substituída por secretárias de dimensões ainda mais reduzidas. Os ocupantes das mesmas, esses são os mesmos.
Confronto a optimizadora de espaço com as condições patéticas a que já estamos sujeitos: do mobiliário inadequado ao inexistente, passando pelas limitações espaciais que tornam a mínima circulação numa interrupção do trabalho alheio. A criatura conforta-me, explicando a) que o ar condicionado vai ser reforçado para aguentar com a quantidade de pessoas e computadores que se espera virem a ocupar a área em causa e b) que aquela planta representa apenas o cenário de carga máxima, mas que eles sabem que o número de pessoas tenderá a aumentar.
Perante um discurso tão desconexo e disparatado, sou levado a concluir que a mulher é louca e/ou não sabe o que é trabalhar. Nunca se cansou, apesar disso, de repetir vezes sem conta que o trabalho dela era optimizar aquele espaço. Há mesmo conceitos que não cabem nas palavras.