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Esta notícia mostra o estado atroz a que chegaram as nossas Forças Armadas. Em primeiro lugar, a desorganização. Para uma manifestação (com nome de manifestação) ser autorizada, é necessário solicitar uma autorização ao Governo Civil com 48 horas de antecedência. Ora, este prazo não foi respeitado e a autorização, negada. Apesar de a surpresa ser um ingrediente valioso na estratégia militar, o factor disciplina foi descurado. Se os militares não conseguem organizar uma manifestação, conseguirão gerir pessoas e armamento? Depois, há a questão da nomenclatura. Como não puderam organizar uma manifiestação, trataram de organizar um «passeio». Imagina-se logo uma cena tenebrosa, com autocarros (com o sistemático dístico de SERVIÇO OCASIONAL) a despejarem militares no Terreiro do Paço para assistirem a uma demonstração de um aspirador que acaba com a raça dos ácaros ou de um colchão com miraculosas propriedades magnéticas. É inaceitável imaginar militares graduados nestas andanças, mas é a isso que eles se prestam. À parte destas efabulações, o expediente de chamar «passeio» a uma manifestação e depois vir de peito cheio dizer que são os maiores e que não têm medo das consequências e que passeiam as vezes que quiserem, pf... Desculpem lá, mas isto é uma mariquice do pior. Se não tivessem medo das consequências era uma manifestação com as letras todas. Assim, é mesmo só um passeio. E não me parece ser lá grande afronta ao Governo andar a passear. É que se é só um passeio, como alegam, porque é que o anunciam à comunicação social? O que é que eu, um pobre civil, tenho a ver com os passeios que os militares organizam? Se fosse uma orgia também a anunciavam nos jornais? Esta história do passeio que não é manifestação faz-me lembrar uma cena muita engraçada a que assistia inúmeras vezes na escola primária. Havia um puto rufia que quando lhe apetecia chamava outros de paneleiros. Quando algum dos visados não pretendia levar o desaforo para casa e já trazia inclusivamente o troco preparado no punho fechado, era detido por argumento imbatível: -Hei!, Hei!, Hei!, Hei! Pára aí! Eu só te chamei de pa-ne-lei-ro! Que é um homem que faz panelas. Quem leva no cu é um pan-de-lei-ro! E por incrível que pareça, esta estupidez matava instantaneamente a contenda, para desilusão da assistência. Depois disto fico curioso em saber os militares irão trocar as tradicionais jantaradas por saraus de leitura.
[ ]: Fui Comando em África . Garotagem ! Compreendem o que é a Guerra ?!! ... Conheço jovens com grande qualidade moral e de trabalho, mas isto...
E se v.podem hoje, em liberdade, dizer, mesmo disparatada e levianamente, semelhantes ignomínias e criancices, devem-no a nós, que sulcamos o caminho para o ser livre mas responsável ! Falta de carácter ! Decência! Vão estudar e comportem-se! Tenho dito. Apagarei esta mixórdia .
[ Calvin]: Não apague, George. Não é um comentário assim tão mau e além disso está escrito num raro estilo que já poucos cultivam.
[ ]: Vós que sulcais tão grandiosos caminhos, não vos ridicularizeis com palhaçadas como estas. "Ah, e tal, não é uma manifestação, nha-nha-nha-nha, é um passeio, toma-toma. Haja decência! Se se querem manifestar, manifestem-se, se querem reivindicar, façam-no, mas não embarquem nestas "passeatas".
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Estive na Nicarágua, havia mosquistos do tamanho de cigonhas, vivíamos 26 numa caixa de sapatos, e se a Nicarágua é o que é hoje... << [Principal] |