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Trinitá e Tex Tone. Um, impertinente. O outro, sorridente. (E antes que se ponham com gracinhas, tratam-se de livros das Edições fada do lar. fAda do lar.) A ideia de um cowboy impertinente é absolutamente hilariante. Um cowboy pode ser uma data de coisas, das mais violentas às... mais violentas. Mas impertinente? Para ser considerado impertinente, a única fase de um duelo em que um cowboy pode ter alguma vez participado é a da estalada da luva. Um cowboy impertinente não mete medo a ninguém. E muito menos ao sorridente Tex Tone. Tex Tone sofre de dois males. O primeiro, é a adjectivação a que também foi sujeito. Pelos vistos era coisa em voga na altura. Mas este é o cool cowboy. Abate os seus inimigos com um sorriso na cara. Fala com os vilões com um sorriso na cara. Monta o seu cavalo com um sorriso na cara. Ou tem um problema muscular facial ou é varrido de todo. O outro problema de Tex Tone é o nome. Dito de uma assentada, soa a nome de fibra têxtil. Até já estou a ver o gang dele: Jarvis Cose e Nick Nylon. Além disso, Tex Tone não é mais do que Tex Tony mas dito de modo afectado. Cowboy que se preze não pode apresentar-se como Tex Tóne sem ser crivado de balas a seguir. Mas o que me divertiu mais foi a Colecção Carochinha. A História do Leão Doente é título que não indicia grande animação, mas em contrapartida a contracapa é instantaneamente apaziguadora. As crianças de Portugal estavam de parabéns, pois Salomé de Almeida (a conhecidíssima Salomé!) presenteava-os naquela sua linguagem tão do agrado dos pequeninos. Um mimo saído do tempo em que o politicamente correcto era uma miragem que ainda permitia liberdades como falar em Príncipes Carecas e Marias Tontas. Mas vejamos então que linguagem era aquela sua linguagem. Eis dois excertos da História do Leão Doente. O rei da selva definha na sua caverna -aparentemente nauseabunda devida à infecção da ferida responsável pelo seu estado terminal (Salomé de Almeida aquele seu rigor clínico tão do agrado dos pequeninos)- e recebe a visita dos seus súbditos, que no torpor dos seus últimos momentos, trata de aniquilar, desde o ursinho até à serpente. O primeiro excerto descreve o momento em que a serpente é despachada. Os pequeninos estavam de facto de parabéns, pois bem gráfica era aquela linguagem de Salomé de Almeida. Como também pode ser comprovado no final da história, quando a mosca conversa com o leão. Um magnífico discurso moral este, o da mosca. Maus cheiros, assassínios, a atracção pelo nojo, carne podre e necrofilia eram tão do agrado das crianças da época. Estão todas de parabéns.
[ Bastet]: Ai o que eu me ri! Adorei ler a magnífica conversa entre a mosca e o leão... coisinha mai linda! Mas já agora o Trinitá não era o cowboy insolente? É que não tem mesmo nada a ver, impertinente é coisa de puto da primária que lê histórias da carochinha! Eh, eh, eh...
[ ines silva]: LOL lindo, parece um episodio do Ren & Stimpy!!
Nao sei porque, mas as historias infantis que conheço sao todas deprimentes. Quem nao se lembra da menina dos fosforos e tambem daquela do soldadinho de chumbo? Tenho impressao de ter deitado fora todas as historias da colecçao formiguinha.
[ M]: O que eu acho giro nestes contos em que a moral da história é que os maus pagam pelos seus pecados com a morte é que exactamente o mesmo é valido para os bons: também eles hão-de morrer e de ser comidos exactamente pelos mesmos vermes e moscas, etc. Então exactamente qual é a moral da história?
[ ]: também em pequena li estes livros, infelizmente já não os tenho. gostaria de saber onde poderia encontrar exemplares desta coloecção para os poder oferecer à minha mãe.se alguém souber...
[ Unknown]: tenho quase todos os numeros da colecção carochinha. faltam-me apenas os 12, 19, 27,31 e 35...se alguem tiver diga-me por favor.
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obrigado << [Principal] |