Mais uma pérola desta Feira do Livro. Já não sei em que stand (mas asseguro-vos que está lá) deparei-me com o senhor da imagem. Chamava-se Chico Xavier e segundo a Wikipedia, psicografou 412 livros. Eu explico: os espíritos precisavam de escrever uns livros e pediram uma mãozinha a Chico Xavier. O Chico, em vez de lhes dar o dedo, deu-lhes mesmo a mão. Este serviço rent-a-hand foi utilizado, segundo consta, por João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro.

Não é só por causa do sol que Lisboa não é Frankfurt.

E o Prémio Só Apostamos Num Cavalo desta Feira do Livro de Lisboa 2007 vai para o stand que vende a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, com mais de metade do barraco ocupado por esta prolixa obra e onde o Livro do Dia de hoje eram nem mais nem menos os 50 volumes da dita Enciclopédia.

As organizações lá estiveram, como também lá esteve a afición. (E eu lá andei pelo meio, a tirar fotografias. Se alguma ficar mais ou menos, logo vo-la mostrarei.)

Descobri algumas coisas interessantes enquanto me passeava entre as duas multidões.

Uma (que salta à vista) é que esta gente toda nunca se vai entender. Hão-de fazer-se mil manifestações e nenhuma das partes vai compreender o que a outra está ali a fazer ou como foi ali parar. Esta clivagem é tão crítica como se torna difícil convencer alguém a pensar realmente no que está a fazer e para o que está a contribuir ao chamar-lhe merda humana (por muito adequada que seja a alegação).

Outra coisa engraçada é o preço dos bilhetes. O mais barato custava 22,50€. O mais caro 75,00€. Os lugares mais caros eram os mais próximos da barreira, onde se tem uma pobre perspectiva da lide e da arena mas onde a visão e o cheiro do sangue são mais intensos. Lugares ricos em ferro.

Sou Ribatejano e como tal, fui ensinado a gostar de touradas e gosto de facto de ver touradas. Felizmente, também tive sorte de ser ensinado a pensar. Não posso deixar de gostar de touradas, mas é-me inevitável acreditar que elas devem acabar.

O hamster, apesar de ser uma companhia comum nos nossos lares, é uma criatura acerca da qual pouco se sabe, particularmente a esperança média de vida. A principal razão é que estes desgraçados pouco tempo se aguentam vivos. Desafio qualquer a um a recordar-se de um hamster que tenha morrido de velhice. Impossível: não existem. Se durarem um ano numa casa de família já é muito. Acabam inevitavelmente por desaparecer em circunstâncias trágicas e acidentes altamente improváveis. Nesse aspecto são muito semelhantes aos cágados de aquário. Mas só nesse aspecto. Os cágados são criaturas que vivas são quase tão activas quanto mortas. Nada que se assemelhe aos frenéticos hamsters, no seu frenesim de correria dentro daquela roda que há nas jaulas. Parecem doidos. Olhar para um bicho daqueles a correr que nem louco sem sair do sítio dá cabo a juízo a qualquer um, sobretudo se esse qualquer começar a encontrar semelhanças com a imóvel agitação do roedor. Se calhar é por isso que há os tais acidentes.