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![]() Quando um dos intervenientes numa discussão grita a plenos pulmões no meio da rua Não meto a Constituição no cu, não senhor!, não é possível imaginar que se debata nada menos importante e elevado do que os destinos da nação. (E não o número de nomes que o Duque de Bragança pode pôr aos filhos, como na verdade foi o caso.)
![]() Este bicho nojento é a Leopoldina, a mascote dos Hipermercados Continente para as criancinhas. Sou só eu a reparar que a Leopoldina é feia, tem ar de lerda e nome de travesti? Deve haver milhares de crianças por esse país fora a fazerem xixi na cama e a terem pesadelos terríveis em que fogem apavoradas das bicadas do passaroco. Apesar disso, a criatura sobrevive há anos. Tem que haver de certeza uma lei que obrigue ao abate instantâneo desta bicheza. A bem do Natal, acabemos com este terror.
![]() A revolta dos pastéis de nata até consegue ser um programa com piada quando os convidados têm piada.
![]() Após atenta análise, julgo não ser despicienda a quantidade de adultos que se resguardam zelosos de eventuais constipações e gripes, não tanto por preservarem a sua saúde como para simplesmente não terem que a ouvir a sua mãe dizer «Eu não te disse que te ias de constipar? Não te agasalhas!»
![]() Fina D'Armada é a defensora do Sim mais parecida com uma defensora do Não que eu conheço.
![]() Vinho, só se for DOC e whisky só para cima de 12 anos. E nada de misturas.
![]() Não havia qualquer equívoco. Estava impresso em mais do que um sítio. Só duas fontes de inspiração poderão explicar a liberdade criativa a que o cozinheiro se deu. Ou um fascínio inigualável pela Antiguidade Clássica ou pelo género musical pimba. Que outro motivo para ter, logo ali abaixo do Arroz de Garoupa c/ coentros, um Imperador à Romana?
![]() O que é que levará alguém a dizer Tamparware? (E já agora, champom, cápom e ralantim?)
![]() Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Philip Marlowe, Peter Gunn. Graças a estes e outros nomes, estamos habituados crianças a ouvir falar de detectives. A imagem que tínhamos destes homens era a de verdadeiros prodígios do raciocínio lógico, ajudados por fabulosos golpes de sorte ou pela Magnum que traziam debaixo da gabardine. Criaturas de vida arruinada por uma mulher de quem não queriam falar, gentlemen distintos ou lobos solitários cuja única amiga era a garrafa de whisky. Era assim que eu via os detectives. Até há poucos dias ter dado de caras com o site do Detective Mário Costa. Perdi a inocência e o culpado é o Detective Mário Costa. Mas quem é Mário Costa e como é afinal esse site? Comecemos pela página de entrada, que exibe a mensagem de boas vindas de Mário Costa: E para rematar, o Detective assina não como Mário Costa mas como Lorem Ipsum. Assumindo que o Detective Mário Costa sabe o que significa Lorem Ipsum, só resta concluir que este é o seu nome de código no sub-mundo do crime. Após estes calorosos e personalizados votos de boas-vindas, a paragem obrigatória deste site intitula-se Infidelidades. Confesso que temi o pior com um título destes. Estaria o Detective a alargar o âmbito dos serviços prestados? Felizmente, nada disso se trata. Mas nada melhor do que recorrermos ao próprio Mário Costa para nos elucidar sobre o propósito desta secção. Apesar de não ser nada claro através desta pequena introdução, as dicas e pistas dadas por Mário Costa não se destinam a ajudar alguém a ser infiel sem ser apanhado. A ideia é precisamente a contrária. De modo a orientar melhor o visitante, as dicas estão organizadas em seis grupos, três para cada sexo, em função do estado civil. Solteiros, casados e divorciados de ambos os sexos encontrarão aqui preciosas sugestões (e esta palavra não é inocente). As dicas são essencialmente as mesmas para ambos os sexos, havendo no entanto algumas que sofrem uma ligeira modificação quando apresentadas ao sexo oposto. Vamos então saber o que aconselha Mário Costa em verdadeiros rasgos de inspiração semeados pela prosa fora. Obviamente, se um dos supostos apaixonados não quer assumir um compromisso, das duas, uma: Ou é homem e é um rapazola que não quer ser adulto, ou é uma mulher, e das ordinárias! A ordem natural das coisas, segundo Mário Costa.
Qual será, precisamente, a utilidade de Mário Costa nestes casos?...
Mário Costa tem uma predilecção por vocábulos que tendem a denotar um sarcasmo cúmplice da revolta do infidelizado, como é aqui o caso do desdenhoso amiguinhos e do irónico inofensivas.
Já sabe que basta uma maçã podre para estragar o cesto inteiro. E se houver uma namorada estavelmente leviana, também estará incluída nesta classe de desviadas? Atente-se agora a esta sequência ímpar de insinuações:
Zonas de conversação? Ninguém diz zonas de conversação! E que raio é uma inclinação em relação à net? Ah, a net, esse local ímpio, mundo de engates perigosos, do qual (seguramente por infortúnio) faz parte o site do Detective Mário Costa. Se já percebemos por estes exemplos qual é o objectivo destas indicações, outros há em que Mário Costa não só dá a entender o que quer, mas também a que público se dirige. Repare-se:
Para Mário Costa, um piropo é uma manifestação de carinho e homem casado que não presenteie a mulher com tal manifestação de afecto não passa de um banana comparado com o pessoal das obras e das oficinas automóveis que se baba alarvemente a toda hora e que o manifesta galhardamente em jeito de edital para conhecimento da referida e do próprio bairro. Mário Costa só pode ser uma pessoa extremamente sensível e afectuosa para se compadecer tanto com o drama feminino que é a carência de piropos.
A experiência de duas décadas de Mário Costa parece um mau filme porno. E já agora, como é que se olha longamente no vazio e para alguém ao mesmo tempo?
O que é uma amiguinha mal casada? Mário Costa não especifica, mas dá a entender que não é de confiança. Estes são apenas mais exemplos da técnica do cinismo cúmplice. Digam-me que também imaginam Mário Costa a levantar o lábio superior enquanto pergunta com consoantes bem acentuadas e arrastadas «E as amiguinhas dele?»
Desculpas desfarrapadas, tipo? Super engarrafado? Debaixo desta capa de Detective esconde-se um adolescente desmiolado?
Esta tirada tem muita graça. Por um lado, Mário Costa tem que dar a entender que há uma data de mulheres interessadas no marido da leitora. Por outro, tem que reforçar a ideia de que o homem é um merdas sem qualquer valor, caso contrário a leitora ainda se lembrava de reconquistar o marido e aí perdia-se a clientela. Assim sendo, o marido é um traste abaixo de cão e há por aí uma matilha de galdérias só lhe acha piada porque não arranja nada melhor. Mário Costa tem o dom da palavra e do argumento. Daria um belo parlamentar. Assim é só para lamentar.
Se a vida correr mal a Mário Costa como Detective, terá sempre espaço num programa televisivo da manhã.
Note-se que esta indicação cheia de precisões e infalibilidade é fruto de décadas de trabalho especializado. Nota-se que Mário Costa faz gáudio em ser rigoroso.
Se na RTP até entopem esgotos, lá na empresa a hora de almoço deve ser a grande farra com bananas e queijo derretido.
Estão a imaginar o tom de voz a subir, a crispação nas mãos e os olhos raiados de sangue?
A checklist de Mário Silva para identificar um «GAY» é esclarecedora. Mário Costa, por seu lado, aposto que é do mais hetero que anda para aí, pois não me parece ter qualquer «sensibilidade anormal». Isto, apesar do tacto com que aborda a questão dos homens que enfiam coisas no rabo e prefere dizer que têm «comportamentos estranhos com objectos». E nestes casos, se uma mulher sabe isto sobre o marido, um detective serve precisamente para quê? Para encontrar o objecto?
Simplesmente incompreensível. Nem me arrisco a comentar.
Nada escapa à argúcia de Mário Costa.
Não sabia que a net é um mundo de mentiras, Mário Costa, mas acho que começo a perceber...
Galdérias! São todas umas galdérias! Se Liedson resolve, Mário Costa pacifica. Há sempre uma palavra de conforto para a esposa afrontada. Se o marido está a ser infiel é porque há para aí umas ordinaronas a precisar de dinheiro e que a sabem toda. O mundo a preto a branco.
Pois não! O que alguém gosta mesmo é de um cônjuge nauseabundo e a cheirar mal da boca. Nada como uma imunda e mal-cheirosa fidelidade para ficar tudo contente. Para Mário Costa, a prova da fidelidade é o que para alguns é motivo de divórcio. Para Mário Costa, o amor tem uma mola no nariz.
Para já, «lides e folias» é um miminho. Não imagino ninguém depois da 3ª dinastia a falar em «lides e folias». Depois é a já conhecida cotovelada com piscadela de olhos ao leitor atormentado. Muita reticência para dizer «que desviar é fácil». Pudera: são todas umas galdérias, não é, ó Mário?! O próprio emprego do verbo desviar é criterioso. Falamos de um contrabando, uma ilegalidade. E se não é uma amiga que é uma ordinária, são todas! A ideia base de tudo isto? Galdérias! TODAS! Para os homens casados, Mário Costa não está com falinhas mansas. Mostra-lhes exactamente o que se passa.
Por aqui se vê que apesar de Mário Costa lidar quotidianamente com os casos sexuais mais rocambolescos, isso não o impede de ser porventura um conservador no que toca aos assuntos de alcofa, para falar com tanto desdém dos palavrões. Agora tomem atenção a esta tirada incrível que vai deixar os homens deste país numa cisma corrosiva:
Dizer mais alguma coisa além disto é estragar a piada. Adiante, portante. Mas há outra do mesmo calibre:
Mário Costa, o detective. Mário Costa o clínico. Temos CSI Porcalhota! (O escritório de Mário Costa fica na Amadora). Eu sei, é difícil de acreditar. Visitem o site de Mário Costa e comprovem vocês mesmos. Mas não se esqueçam: Ele poderá estar a ver o que é que vocês fazem na net. Tudo!
![]() Há-de chegar um momento em que os miúdos vão começar a perguntar por que é que a opção de Gravar tem aquele ícone esquisito que não se parece com nada. Labels: disquete, quando os tempos eram outros, tecnologia
![]() Estas declarações evidenciam assinaláveis progressos nas capacidades de Bush. Quem sabe se não vai mesmo perceber que está a perder a guerra. E diria mesmo que, atendendo à sua incapacidade de olhar para o que está à frente do seu nariz, Bush vai sair derrotado de cabeça erguida. Mais do que isso, enfim... Nunca se sabe, mas mesmo sendo Natal, já me parece ser excessivo esperar que ele acabe por perceber que só anda aqui a empatar.
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Os guardas prometem não beber mais minis de penálti.
![]() Já não é novidade para ninguém que, numa sala de espera de uma unidade de cuidados de saúde, seja um hospital, um centro de saúde ou um consultório particular, os utentes mais velhos se degladiem competindo pelo troféu do mais desgraçado por via das doenças de que padece. São horas infindáveis em que, sem o mais ligeiro rubor, se exibem despudoradamente sintomas, doenças, diagnósticos, mazelas, análises, opiniões e por vezes até algumas partes do corpo. Com a quantidade de tão nefastas maleitas que são referidas, dizer que os idosos conversam para matar o tempo é mais do que correcto. Pelo menos chega para deixar mal dispostos os ouvintes presentes na área circundante. Sou da opinião que em vez de tentarmos anular estas contendas, devíamos antes acarinhar esta prática e criar condições para o seu desenrolar. Parece-me óbvio que somos mesmo muito bons nesta modalidade, tão bons que seria pertinente tornar estes confrontos num desporto. É claro que nos moldes actuais não se trata de actividade muito atractiva para as televisões e outros media, pelo que algumas pequenas adaptações seriam necessárias para chegarmos ao poker das doenças: o confronto habitual entre a quantidade de moléstias dos utentes mas regido pelas regras do poker. Dispensava-se a formação de uma Federação, uma vez que já temos o Sistema Nacional de Saúde. Os torneios decorreriam na maioria dos casos nas salas de espera dos Centros de Saúde, se bem que qualquer sala de espera do SNS tenha as condições necessárias para o efeito. Imaginem a emoção que seriam estes encontros: -Pago para ver essa análises... E subo o nível de triglicéridos. -Só podes estar a fazer bluff... Se tivesses um colesterol tão alto não estavas vivo... -Hmm... Dá-me mais dois pensos... -Pareces-me nervoso... -Não... É só Alzheimer. -Vê lá se tens alguma coisa que chegue para este trio de Maxilases... -Ora quem é que vence esta sequência de paracetamóis? As fichas de jogo seriam posteriormente trocadas junto dos médicos assistentes por cheques-cirurgia. Tornavam-se as salas de espera em locais divertidos e diminuiam-se as filas da espera da saúde. Estamos à espera de quê para fazer isto?
![]() No restaurante, de passagem por uma das mesas alheias, capto a intervenção exibicionista de petiz pré-adolescente a tentar impressionar os babados progenitores com a sua sapiência de TV Cabo: -Há um estudo que diz que quando formos adultos vamos viver até aos 100!
![]() Ninguém me fará acreditar que esta montra na Baixa lisboeta convença alguém a comprar qualquer soutien que seja, e por duas razões fortíssimas. Para já, a expressão oferta da cueca é tudo menos prestigiosa. Uma oferta da cueca é do pior que pode haver, quase ao nível da oferta da caca. Mas se isto não for suficiente para desencorajar o ávido consumidor natalício, ainda há que superar a sensação de ludíbrio por estarem a oferecer apenas uma cueca. «Ah, pois! Oferecem-me uma cueca mas outra tenho-a eu de cumprar, né? Bruxo! Vê lá s'oferecem um par inteiro de cuecas?!» O consumidor português é exigente, sobretudo quando lhe oferecem alguma coisa. O problema desta montra é só um. É ter a palavra cueca, singular da já de si singular cuecas. Há palavras que pela particular combinação de sons que a representam, nunca deviam ter sido inventadas e sobre as quais deveria pender iminente uma exoneração compulsiva do cargo. Nesta categoria cai a abjecta cuecas (já para não referir o infame singular, mil vezes pior). Não percebo como é que alguém consegue usar cuecas. Bem sei que o preconceito é uma coisa injusta, mas não consigo de deixar de desconsiderar alguém que use cuecas, ainda por cima se for em público. O uso de cuecas deveria ser proibido. Quanto a mim, nunca uso cuecas. Na hora de usar cuecas arranjo sempre uma alternativa. Garanto-vos que nunca me apanharão com cuecas a sair da boca.
![]() Os meus amigos que levaram os seus filhos a ver o filme de Bob, o Construtor, garantem-me que esse alegado trabalhador da Construção Civil canta mais do que trabalha e que parece mais dado a dar ordens do que a executá-las, apesar do fato de macaco e do amplo sortido de ferramentas que carrega. Já o Noddy é um taxista que passa mais tempo a utilizar o táxi para assuntos particulares do que a trabalhar. Em suma, os heróis infantis do momento são dois sornas. Com exemplos assim, temo pela educação das nossas crianças.
![]() A medida de segurança mais digna desse nome que eu conheço foi a abertura de um posto da PSP no Metro.
![]() A rotulagem gastronómica do coração como uma miudeza configura um crasso erro de catalogação, só passível de ser cometido por alguém com mais experiência de cozinha do que de vida.
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