Ainda me escapa (sou uma besta da província) a ideia da campanha do Banif. Depois de um jovem bem parecido cavalgar que nem doido até um buraco esconso e pardo onde se refugia com o seu corcel, há como que uma troca de posições e o mancebo é violententamente sodomizado pelo equídeo. A brutalidade deste exercício íntimo fica bem patente 1) pelos esgares desesperados da vítima;

2) pelo rico serviço que sai da toca já depois de consumado o acto. Tal foi ímpeto possuidor da besta que acabou por se fundir com o pobre marialva que se vê agora com umas estranhas protuberâncias nos glúteos. O rapaz mostra-se manifestamente atordoado com a intervenção de que foi alvo. Ainda nem sequer se consegue descontrair. Toda a postura é a de quem quer andar à porrada: braços levemente recuados e afastados do corpo, de peito para fora e cabeça esticada. E finalmente, o poor lonesome cowboy lá parte em direcção ao pôr-do-sol, de braços abertos, como que acometido por uma assadura nos sovacos.

Ainda na fase de rescaldo do Dia dos Namorados, encontrei este cartaz:

E eis-nos de novo chegados a mais um gorduroso Dia dos Namorados. Para escapar ao histriónico cortejo de simbologia cardiovascular que nos é esfregada na cara, só hibernando. O que não foi o meu caso hoje. A manhã decorreu sem problemas, o que tornou ainda maior a náusea que me esperava à hora de almoço. Os responsáveis pela empresa de catering que fornece a cantina do meu local de trabalho decidiram que a eeméride não passaria ignorada pela comunidade mastigadora (e todos sabemos como um buffet pode ser romântico).

Balões vermelhos e cor-de-rosa em forma de corações enchiam o espaço, suspenso no ar como frangosdepenados. A ementa surgia travestida com roupagens tão inspiradoras como o viscoso Carícias de cherne com bacon ou o repelente Miminhos de cozido à portuguesa. Feliamente que a pulsão literária se deteve no grill (dia de salsichas frescas). Para rematar, a oferta de um requintado anel de borracha (disponível em diversas e exuberantes cores) com o logotipo da empresa de catering.

A comida até estava boa. O problema foi o mau gosto.

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A imagem abaixo foi retirada da última edição do Expresso e já consigo dizer, apesar de ainda mal ter começado o ano, que se trata da infografia mais trapalhona de 2008:

Se repararem com atenção, a relação entre os números e as áreas que os representam não é a mesma. Vejamos, por exemplo, o números de casamentos e divórcios em 2000. São 63.752 casamentos e 19.104 divórcios. Isto signfica que a proporção entre divórcios e casamentos é de um divórcio para 3,3 casamentos, ou seja, 1:3,3. No entanto, a área da imagem que representa os casamentos é muito maior do que a pequena área que representa os divórcios. Mais precisamente, a proporção entre as áreas é de 1:10.

Com os dados de 2006, a disparidade é idêntica. Um proporção de 1:2 nos números e de 1:3,4 nas áreas.

Finalmente, a terceira e última disparidade surge na informação sobre o número de nascimentos e se já dava para suspeitar a razão destas asneiras todas, ela é agora óbvia, como verão. Os números dão-nos uma proporção entre crianças nascidas fora e dentro de um casamento de 1:2,2 enquanto que as áreas indicam que é 1:8,7. Coisa pouca. Mas pronto, já estávamos à espera.

O problema, pode dizer-se, foi o artista ter feito o boneco a torto e a direito sem perceber que nem todos conseguem escrever direito em linhas tortas. Deixando-me de rodeios e indo direito ao assunto, o infografista achou que um círculo com o triplo da altura de outro teria uma área três vezes maior do que a outra. Errado. O raio do círculo cresce numa dimensão; o sacana do círculo cresce em duas. Como qualquer pessoa pode ver olhando para a imagem, mesmo que não perceba nada de círculos ou mesmo que venha de um círculo que se inspire nas linhas.

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Mais uma velharia adquirida em loja da especialidade: o jornal "humorístico" (sic) Os Ridículos.

O dito humor é qualquer coisa de insondável a meio século de distância e disso darei conta em futuros posts. No entanto, para já, retirado da mesma publicação, deixo-vos o exemplo de alguma bem singulares ao impressionante império alimentar Castanheira. Vamos então às coisas que já não se vêem em lado nenhum:

Locais convidativos.

Mãe biológica da pequena Madalena é mãe afectiva da pequena Maddie - que foi avistada a semana passada no Djibouti, dentro de um Kinder Surpresa. Apesar de a pequena Madalena ainda não conhecer a irmã bio-afectiva, o Estado não presta qualquer apoio. «Sou eu, a minha mulher e dois filhos a viver numa casa com dois quartos e sem garagem. Já cá esteve uma assistente social mas disse que não tínhamos direito a casa nova!», referiu um ex-vizinho da família que preferiu manter o anonimato, antes de desferir dois golpes de navalha na sua companheira, aparentemente por motivos passionais. Hermínia, 37 anos, não apresentou queixa e o mercado de usados não foi afectado. No próximo número receberá totalmente grátis com o seu jornal a sua Nª Srª de Fátima/ambientador auto.