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[Do som mais sujíssimo que anda aí] 
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Autoria
 
    Calvin
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A ferramenta

 

 (3)


UE: portugueses entre os que menos usam computador no trabalho (Diário Digital)

Também me parece que serão dos que menos usam a cabeça no trabalho. Tudo natural, portanto.

 

Ontem não te vi a fazer perguntas de jeito

 

 (6)



A última Grande Entrevista da RTP1, na 5ª-feira (video disponível no site da RTP), foi qualquer coisa de inédito. Desde o 25 de Abril que não se via nada assim. Judite de Sousa fez lembrar a Helga do Allo Allo.

Com uma disciplina germânica, Judite de Sousa metralhou António Lobo Antunes com dezenas de perguntas cujas respostas nunca mostrou interesse em saber, tal era a ânsia com que interrompia a resposta do convidado para atalhar a seguinte interpelação.

Judite gosta de se ouvir falar e se conseguir falar mais do que o entrevistado, niguém lhe tira o sorriso da cara. E como esteve feliz a moça, a recitar seu ditado para o escritor, permanentemente besuntando o tratamento nas monótonas interpelações com um familiar «António». Não sucedeu augusto nem patrício o condimento, tão viscosa foi a solução, ainda que aquosa sempre parecesse, a avaliar pela torrente diluviana metida pela funcionária durante toda a entrevista.

Quanto à natureza das perguntas, foi mais um exemplo do rigor teutónico, seguindo escrupulosamente um plano previamente delineado e recheado de perguntas banais com tiques de presunção, nunca fazendo o mais pequeno desvio que tantas vezes o verbo exigiu.

Na verdade, entrevistadora foi apenas uma das facetas da total catástrofe que foi esta Grande Entrevista em que houve de tudo. Dos barulhos de fundo no estúdio às câmaras que faziam razias à cabeça de ALA num programa que começou com duas horas de atraso sobre a hora anunciada pelo próprio canal, Judite de Sousa acaba por ser simplesmente a entrevistadora que a situação merecia. Tivessem deixado ALA entrevistar-se a ele próprio e o resultado seria melhor.

Resta pensar que podia ser pior. Afinal de contas, José Rodrigues dos Santos trabalha na RTP.

   

 

Corredor do poder

 

 (1)



(Expresso, 28/Out/2006)

   

 

Valor de juízo

 

 (3)



Ontem à noite a RTP1 fez uma transmissão em directo à volta do seu programa Grandes Portugueses. Mais do que um programa, temos aqui uma missão nacional, pelo menos a avaliar pelos meios: um painel de ilustres respondia às questões de Maria Elisa no Palácio de Queluz, entremeado por algum tempo de satélite a levar-nos às intervenções de algumas personalidades ocasionais sedeadas em Évora e Braga.

Discutiu-se muita coisa. Desde tentar saber como deve ser um Grande Português, até tentar descortinar em quem os pequenos portugueses andam a votar. Neste ponto, Maria Elisa avança com informação escaldante e afiança que até ao momento «69% dos portugueses votou em figuras já mortas e os outros 31% em figuras já vivas».

Até que se chega ao incidente Salazar. Alguns comentadores, de modo cordato e ordeiro, desfilam-se a ilibar a RTP da omissão do ditador na lista de sugestões de Grandes Portugueses apresentada no seu site. Louvaram-se os valores que Salazar nunca respeitou e quis-se demonstrar que, se no tempo de Salazar aquela discussão nunca poderia ter acontecido, então a criatura ficava à porta daquela festa.

A dada altura, José Hermano Saraiva pede a palavra e explica que não pode deixar de ouvir as críticas ali desenhadas na testa do estadista sem dizer que Salazar era qualquer coisa da qual já não consegui perceber nada, tal o chinfrim com que os arautos da liberdade se lançaram à jugular do historiador. De balbúrdia instalada, Maria Elisa, higiénica, decide amputar a intervenção de JHS (tal como fará nas subsequentes tentativas de JHS manisfestar a sua opinião). Fizeram bem. JHS quis ter uma opinião, mas seria manifestamente a errada. Ainda bem que alguém lhe meteu juízo naquela cabeça.

 

Falar à vontade

 

 (1)


Portugal está em décimo lugar no ranking sobre liberdade de imprensa elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras que engloba 168 países. (SIC)

O facto de não haver leis que impeçam a emissão dos noticiários da TVI deve ter garantido a nossa entrada para o Top 10.

   

 

Problema e solução

 

 (3)



Impotência sexual masculina - Mulher pode ser a chave da cura (Correio da Manhã)


Até aposto que foi um homem a concluir isto.

 

Chover no molhado

 

 (5)



Nesta noite em que choveu a cântaros; Nesta noite em que vi carros desaparecerem atrás de cortinas de chuva na A1; Nesta noite que transformou Lisboa numa pequena Finlândia, aconteceu eu passar por uma rotunda.

Não era pequena. Não era grande. Era convenientemente redonda (talvez uma das mais redondas que já vi) e exibia galhardamente uma verde e viçosa vegetação. E estava a ser imperturbavelmente regada pelo sistema de rega automática.

Há autarquias que funcionam tão bem que nada, seja o que for, deixa de lá funcionar.

   

 

Trabalhar é humano

 

 (1)



Trabalhar é muito divertido. Se não fosse pelo trabalho, eu era bem capaz de nunca ter ouvido falar em «erros inesperados».

   

 

Lançamento de disco

 

 (3)


Seguindo as melhores práticas da blogosfera, este blog vai passar a dar-vos música ali ao lado, mesmo por cima do elenco. As músicas irão mudar sem aviso prévio nem posterior, por isso espreitem de vez em quando.
Há livro de reclamações mas não se aceitam devoluções. E agora carreguem no play e soltem o disco freak que há em vocês.

   

 

Não se brinca com a comida

 

 (3)


A pesca do bacalhau deve ser completamente banida do mar do Norte em 2007, sob pena de os stocks desaparecerem completamente dentro de poucos anos. (Diário de Notícias)

Quase não há bacalhau e todos sabemos de quem é a culpa: dos ingleses.
Desde a porcaria do Tratado de Methuen que nos andam a provocar, mas o bacalhau? Que diabo, isto é demais.

Para os mais distraídos, lembro que os ingleses e a sua famosa (porque vacuosa) gastronomia foram pioneiros na arte da fast food e inauguraram o estilo com fish'n'chips. E que peixe é que vocês acham que eles se lembraram de fritar? Precisamente: o bacalhau.

O problema não é bem eles fritarem o bacalhau, isso não é nada demais. O que me chateia é que fritam bacalhau fresco. Que é o mesmo que dizer que estragam bacalhau sem necessidade nenhuma e isto é uma coisa que me aborrece. É demais para os meus nervos ver gente que não sabe o que é comida a sério lembrar-se de fritar bacalhau fresco. E se acham que a coisa não consegue ficar mais nojenta é porque não sabem que o desgraçado do bicho é frigido em banha de porco. Bacalhau fresco frito em banha de porco.

Os nossos agentes diplomáticos têm que pôr um ponto final neste desbaratar do património bacalhoeiro. Toda a gente sabe que a vida do bacalhau gira à volta de dois pólos fundamentais: pesca-se o bacalhau na Noruega e come-se o bacalhau em Portugal. Os ingleses estão a mais nesta história e é necessário que alguém lhes mostre isto com clareza e palavras fáceis.

Pela parte que me toca, fica aqui a minha contribuição: um link para este artigo traduzido para inglês nas ferramentas da Google de tradução automática, com algumas palavras chave para caçar pesquisas do Google: No more fish'n'chips. Cod is portuguese. Cod wants garlic.

Temos todos que lutar por esta causa. Não é impossível. Todos juntos por um bacalhau seco.

 

God speed

 

 (4)


Tribunal absolve os seis arguidos de Entre-os-Rios [...] "Facilmente se conclui que os arguidos não praticaram os crimes de que vinham acusados, impondo-se a sua absolvição", lê-se no acórdão da sentença, um documento com 551 páginas que obrigou a quatro horas e meia de leitura pela juíza presidente Teresa Silva. (Diário de Notícias)

Até posso acreditar que os arguidos estejam inocentes. Até posso acreditar que a ponte simplesmente ruiu de cansaço, ou que se atirou ao rio por estar farta de viver e que ninguém podia fazer nada contra isso. Pode ser que a ponte tenha caído e que as conclusões se tenham precipitado.
Mas como é que se conclui facilmente o que quer que seja a partir de 551 páginas?

   

 

Prémio Melhor Anúncio 2007

 

 (2)



Dia 13: Ministro da Economia anuncia fim da crise em Portugal (Público)
Dia 16: Orçamento beneficia IRS de contribuintes casados e prejudica solteiros (Público)
Dia 18: Secretário de Estado culpa consumidores pelo aumento [de 15,7%] do preço da electricidade (Público)
Dia 18: Governo introduz portagens em três Scut (Público)

Quero a minha crise de volta.

 

Obrigado, Alcatel

 

 (6)



O telefone do meu emprego tem botão de pânico.

   

 

Bem de primeira necessidade

 

 (2)



Eu matava por uma matrícula assim.

 

Ajuda especializada

 

 (3)



Boas notícias para quem tem uma memória limitada.

 

O pessoal passa-se

 

 (0)



Estado vai gastar menos 0,8 por cento com o pessoal em 2007 (Público)

E o pessoal ficou lixado, né? Má onda. O Estado 'teve mal. Isso de gastar menos com o pessoal é foleiro. Bué má onda. O pessoal não curtiu e ficou lixado.
Mas na boa, ouve. Sem merdas. A sério. O Estado gasta menos 0,8% com o pessoal, tá-se bem. O pessoal gasta menos 8% de tempo com o Estado, na boa, não há azar.
O pessoal não curte estas cenas, só isso.

   

 

Inflação valente e imortal

 

 (2)



É o Instituto Nacional de Estatística que mo diz, não estou a inventar nada - A inflação é a variação do Índice de Preços no Consumidor. Para o cálculo desse índice concorrem várias classes de bens e serviços. Detalhando um pouco, da Classe 3 (Vestuário e Calçado) faz parte o subgrupo Reparação e aluguer de calçado.

A parte da reparação eu percebo. A do aluguer já me faz torcer o nariz. Desconheço o número de apaixonados por bowling ou a quantidade de praticantes de patinagem amadora. Só sei que nunca dei de caras com um anúncio a dizer Alugam-se sapatos.

Resumindo, o cálculo da inflação no nosso país cheira-me muito mal.

   

 

Agarrem-me que eu demito-me

 

 (3)



O excelso Presidente da Região Autónoma da Madeira, na sequência da aprovação/aplicação da nova redacção da Lei de Finanças Locais mandou dizer através dos pasquins jornais locais, e para que nenhum “Cubano” desta margem do Atlântico deixasse de saber, que é homem para se demitir.

Poucas vezes estive tão de acordo com este Presidente.

Afinal, como diz o povo, Não há dinheiro, não há palhaços!!

   

 

É preciso é saúdinha

 

 (5)



Os internamentos nos hospitais públicos, actualmente gratuitos, vão passar a custar até cinco euros por dia (Público)

Esta medida é de uma pertinência estonteante. É escandalosa a falta de moderação que a escumalha tem na hora de adoecer. Não bastando estarem doentes, ainda se lembram de adoecerem a ponto de ficar internados? É inadmissível.

É preciso educar esta massa de moribundos amarelados que só serve para encher hospitais. Este povão ordinário e relaxado que enche as camas de hospitais tem que perceber que só porque foi operada não tem direito a estar de borla a gozar da rica vida de hospital só porque um médico qualquer decide que não podem ir já para casa.

E, meu Deus!, o que se goza nos hospitais. Aquilo é que é boa vida. Ainda me lembro de mim, rapaz humilde e apendicítico, a ter que pernoitar nas luxuosas enfermarias do Hospital de Sª Maria e a ficar deslumbrado com tamanha sumptuosidade.

A classe daquele local fazia-se notar nos detalhes mais elegantes. Por exemplo, na enfermaria havia um lavatório cujas torneiras eram aparentemente iguais. Não conseguia distinguir a torneira de água quente da de água fria, até que percebi: a de água quente era a que tinha as baratas agarradas ao cano. Uma curiosa e inovadora sinalética alternativa ao já estafado vermelho/azul.

Mas este magnífico local (que goza já entre os jovens de tanta popularidade como as Pousadas de Juventude), além de fomentar este salutar contacto com a vida animal, também permite experiências radicais para os mais ousados. Eu, por exemplo, quando perguntei onde é que podia tomar banho, indicaram-me o cubículo de onde acabara de sair um doente com hepatite.

Confesso: tentei estender a minha estadia o mais que pude (era à borla, não havia de querer continuar no bem bom?), fingindo dores lancinantes e tentando inspirar comiseração com umas agonizadas sobrancelhas. Nada. O médico já devia estar habituado a isto porque foi um rochedo insensível à minha súplica. Correu mal. Não tive a sorte que tiveram as pessoas que vi quando tive a fatídica alta, jazendo em macas encostadas à parede de um corredor. De certeza que já ninguém se lembrava deles. Há malta com sorte.

   

 

35 anos

 

 (3)



Terra está em saldo negativo ecológico desde ontem (Público)

Coreia do Norte confirma realização de ensaio nuclear (Público)

Não fica a ideia de que os prazos dos empréstimos bancários revelam um optimismo excessivo na espécie humana?

   

 

Cúmulo

 

 (2)



Era um medicamento tão mau, tão mau, que nem efeito placebo fazia.

   

 

Iogurte à antiga

 

 (4)



No início dos anos 80, a reduzida variedade de iogurtes e os quase inexistentes hábitos do seu consumo tornavam os iogurtes um produto exótico. Desse tempo, apresento-vos o iogurte UCAL e o seu inconfundível copo cúbico.

Naquela altura a concorrência não era feroz, mas a penetração no mercado era um problema, pelo menos a julgar pelas inigualáveis alegações feitas neste anúncio:



87 anos. Grandes búlgaros. Naquele tempo é que era. Longevidade, vitalidade e jovialidade até aos 87, no mínimo. E família búlgara que se prezasse tinha o seu centenário.

Lembro que actualmente o país com maior esperança de vida é Andorra com 85,5 anos. Dirão vocês que Andorra não é bem um país e têm toda a razão, tal como não são Macau nem S. Marino, os outros ocupantes do pódio. Se não contarmos com esta meia dúzia de hectares, o título vai para a Singapura, com 81,7 anos. A anos-luz da Bulgária.

Aliás, a própria Bulgária está muito longe da Bulgária de então, com uma esperança média de vida actualmente a situar-se nuns modestos 72, 3 anos. A explicação para a decadência desta métrica decorre naturalmente da exposição patrocinada pelos iogurtes UCAL: Os coitadinhos dos búlgaros deixaram de comer iogurte.

   

 

Tá-se

 

 (6)



Isto não é nenhuma capa da Cais. (À distância, o Cas confunde-se com a testa do rapaz.)
Excluída esta hipótese, tudo é possível.
O anúncio é da Câmara Municipal de Cascais e aparentemente será uma acção de combate à toxicodependência (???).
Usar Drogas, Já Era
, diz o cartaz. Tá-se, diz o rapaz. Fica difícil de perceber qual é a ideia.
O meu palpite mais forte é de que o rapazito ficou com os miolos torrados por causa da droga e hoje se encontra recuperado, mas no estado em que se vê. Com olhar vidrado e a dizer Tá-se sem ninguém lhe perguntar nada.
Outra hipótese é o slogan estar directamente ligado ao que o rapazito diz: Usar Drogas, Já Era. É como dizer Tá-se. Só os tótós é que se metem nisso.
Desejo a melhor sorte esta iniciativa, mas aconselho a CMC a escolher outra agência de publicidade. É que os criativos que fizeram isto deviam estar pedrados.

 

Histórias da Carochinha

 

 (7)

Revolvendo o baú das tralhas de infância, encontrei alguma da minha leitura de infância. Achei particular piada a duas coisas, por razões diferentes mas ambas ligadas ao estilo. Em primeiro lugar, temos os "cow-boys" adjectivados.



Trinitá e Tex Tone. Um, impertinente. O outro, sorridente. (E antes que se ponham com gracinhas, tratam-se de livros das Edições fada do lar. fAda do lar.)

A ideia de um cowboy impertinente é absolutamente hilariante. Um cowboy pode ser uma data de coisas, das mais violentas às... mais violentas. Mas impertinente? Para ser considerado impertinente, a única fase de um duelo em que um cowboy pode ter alguma vez participado é a da estalada da luva. Um cowboy impertinente não mete medo a ninguém. E muito menos ao sorridente Tex Tone.

Tex Tone sofre de dois males. O primeiro, é a adjectivação a que também foi sujeito. Pelos vistos era coisa em voga na altura. Mas este é o cool cowboy. Abate os seus inimigos com um sorriso na cara. Fala com os vilões com um sorriso na cara. Monta o seu cavalo com um sorriso na cara. Ou tem um problema muscular facial ou é varrido de todo.

O outro problema de Tex Tone é o nome. Dito de uma assentada, soa a nome de fibra têxtil. Até já estou a ver o gang dele: Jarvis Cose e Nick Nylon. Além disso, Tex Tone não é mais do que Tex Tony mas dito de modo afectado. Cowboy que se preze não pode apresentar-se como Tex Tóne sem ser crivado de balas a seguir.

Mas o que me divertiu mais foi a Colecção Carochinha.



A História do Leão Doente é título que não indicia grande animação, mas em contrapartida a contracapa é instantaneamente apaziguadora.



As crianças de Portugal estavam de parabéns, pois Salomé de Almeida (a conhecidíssima Salomé!) presenteava-os naquela sua linguagem tão do agrado dos pequeninos. Um mimo saído do tempo em que o politicamente correcto era uma miragem que ainda permitia liberdades como falar em Príncipes Carecas e Marias Tontas.

Mas vejamos então que linguagem era aquela sua linguagem. Eis dois excertos da História do Leão Doente. O rei da selva definha na sua caverna -aparentemente nauseabunda devida à infecção da ferida responsável pelo seu estado terminal (Salomé de Almeida aquele seu rigor clínico tão do agrado dos pequeninos)- e recebe a visita dos seus súbditos, que no torpor dos seus últimos momentos, trata de aniquilar, desde o ursinho até à serpente.

O primeiro excerto descreve o momento em que a serpente é despachada.



Os pequeninos estavam de facto de parabéns, pois bem gráfica era aquela linguagem de Salomé de Almeida. Como também pode ser comprovado no final da história, quando a mosca conversa com o leão.



Um magnífico discurso moral este, o da mosca. Maus cheiros, assassínios, a atracção pelo nojo, carne podre e necrofilia eram tão do agrado das crianças da época. Estão todas de parabéns.

   

 

Não reproduzível

 

 (1)



A pintura tem três dimensões.
E não há qualquer livro de arte que o consiga mostrar. (E é isto mesmo a demonstração.)

 

Portuguese pub

 

 (5)

Ainda não sei o que é que me dá mais vontade de rir.

Será o quarteto de cordas?



Será o ar impávido em plena queda livre?



Não. É mesmo isto:



A combinação meio abichanada da sacudidela da cabeça e do meneio dos ombros enquanto diz que se não fosse para ganhar, não se atirava assim.
Não se atirava assim como? A saracotear os ombros? Seria mais discreto, talvez.
E não se atirava assim a quem? Ao gajo do violoncelo? Ao piloto do avião?
Só ele sabe. Mas deve estar para sair em livro.

   

 

Uma-data-deles-em-1

 

 (4)



Vindo directamente das profundezas noctívagas dos canais de televendas, eis que o Creme Nara já se assoma durante longos minutos intervalares nos canais temáticos da SIC.

São inúmeros anúncios com instruões de compra bilingues para agradar a pategos e nuestros hermanos, recheados de maus actores e diálogos impossíveis.

O Creme Nara, pelo edital em que se anuncia, mais do que como um paliativo, revela-se como a panaceia mais versátil desde a descoberta da Aspirina, prometendo acabar com as calosidades dos pés (calosidades e não calos, como as dezenas de referências à palavra presentes nos anúncios nos dão a entender) e com o excesso de gordura.

Esta dupla capacidade do Creme Nara parece ser coisa do mafarrico. Como é que o creme Nara sabe que estás nos pés ou na barriga? Como é que sabe que o rabo não é para amolecer e que não tem que tirar a gordura dos calos? O Creme Nara sabe onde está? Ou é preciso falar com ele durante a besuntice? Ou as instruções de uso só conseguem ser lidas com a bula virada para um espelho?

Seja lá como for, está-se tudo borrifando. Qual Aspirina, qual Penicilina. As fascinantes propriedades farmaco-medicinais do Creme Nara a todos satisfazem. Ela besunta-se de Nara na barriga, nas coxas e no rabo. A seguir vem ele e espalha o creme nos pés.

Economizando tempo e potenciando erotismo, o Creme Nara pode até espalhar-se a outras áreas das nossas vidas, patrocinando preliminares em que ele espalha o creme com os pés no rabo dela. Este prefácio, no entanto, só é aconselhado a casais com grande capacidade de autocontrolo sob a pena de verem amolecidas ou adelgaçadas certas zonas do corpo, com fatal comprometimento das acções subsequentes.

Este Creme Nara é um absoluto sucesso. Excepto para quem o vende, claro. Pelo preço a que é anunciado, quem o vende não deve andar lá muito magro.

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